segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Depois de Tudo - Capítulo 1 - O Primeiro Encontro




O PRIMEIRO ENCONTRO

  Minha vida é comum, igual a de todas as pessoas. Mas eu não me sinto assim. Não me sinto igual, na verdade, eu não me sinto normal. Todas as garotas na minha idade têm expectativas da vida. As minhas expectativas são totalmente diferentes, erradas, para elas. Meu sonho não é casar, ter filhos, me apaixonar. Essas coisas piegas que toda garota quer. Eu tenho 18 anos e hoje é o meu primeiro dia na faculdade. Eu pretendo ser jornalista, ter um bom trabalho, comprar uma casa e... não sei. Não gosto muito de pensar no futuro. Eu sou presente, e nesse momento eu devo entrar na sala e assistir a primeira aula de um professor careca e muito gordo. É, essa é a minha vida.

  Minha turma é grande – mais mulheres que homens - e a sala pequena, mas, Graças a Deus, eu consegui um cantinho pra ficar sozinha no fundo da sala perto de uma janela onde dava pra ver a floresta ao lado. Ou não. Uma garota veio se sentar perto de mim, puxando um papo sobre as suas expectativas, que não eram nem um pouco parecidas com as minhas. Ela tagarelou a aula toda sobre seus namoros frustrados e notas baixas em matemática. Tirando isso, ela era legal, muito superficial, mais ainda assim legal. Usava roupas que sugeriam marcas caras. O nome dela era Rayna. Que nome esquisito. Ah, o meu nome é Roberta.

     - Você tem namorado?

Ela quis saber.

     - Não.

Como eu não falei mais nada, enfim, ela se calou e tentou prestar atenção na aula. Eu me desliguei dela e sem consegui prestar atenção no professor - que não tinha lá uma didática muito boa – e olhei pela janela, pra ver o resquício de floresta que seguia próximo ao campus. Era lindo, as primeiras árvores eram baixas, mas a medida que se seguia a mata ia se tornando mais densa. Com árvores altas e sinuosas. Dava para ouvir o canto de algumas aves ao longe, e eu até consegui ver uma casal de periquitos levantando voo de um galho pra outro, em um lugar mais alto. Estava pouco ciente do que o professor falava, mas ouvi que ele ia terminar a aula mais cedo, por que o reitor ia dar as boas vindas aos novatos, no pátio em frente à reitoria.

  Quando estava voltando os olhos para o professor, vi algo, mas não acreditei. Eu arregalei os olhos cheios de surpresa e interrogações. Eu nunca achei que isso pudesse acontecer, não aqui. Mais meu coração começou a disparar quando eu vi um garoto correndo. Não por que ele era bonito, nada disso, mais por que ele levava uma faca na mão. Isso mesmo, uma faca. Ele corria atrás de uma menina, e ela mexia a boca, mas não dava pra saber se ela estava gritando ou rindo. Eu fiquei apavorada, o que será que ele ia fazer com aquela faca? Será que ele ia matar a garota? Meu Deus, eu não podia acreditar. A sirene do intervalo tocou e eu saí rápido da sala. Sem pensar eu comecei a andar pra onde o garoto tinha ido. Os outros alunos tomaram um rumo diferente do meu, iam se dirigindo para o pátio.

  Eu não queria presenciar a cena de um crime, mais também não queria sentir a culpa por omissão. Caminhava lentamente, eu estava apavorada. Quando eu entrei na floresta, eu ouvi um grito, mas não era de dor ou medo. Era de diversão. Depois de passar com cuidado por alguns galhos que estavam no chão, eu vi a menina correndo e rindo. Nossa, eu achei que o garoto ia mata-la. Eles deviam ser namorados. Estavam abraçados. Depois de me abaixar e tirar um galho que me impedia de ve-los, eles se sentaram no chão.  A faca estava alguns metros a frente e devia ter sido usado pra cortar os galhos que atrapalhavam a passagem do casal apaixonado. Estavam de frente um para o outro. Ele colocou a mão no bolso e revelou a ela uma caixinha, não dava pra ver o que era de onde eu estava, mas eu imaginei que fosse um anel. Ela sorriu e o abraçou.

  Ela era muito linda, tinha a pele e os cabelos claros. Os olhos eram pretos. Estava com um vestido rosa claro. Ele tinha o mesmo tom de pele, mas os cabelos eram escuros como carvão, que dava um contraste perfeito. Lindos, formavam um par perfeito. Realmente eu fiquei frustrada. É, frustrada, por que eu achava que cenas assim só se passava em filmes ou novelas. E ver isso na realidade foi triste. Triste pra mim, pra eles deve ter sido inesquecível. Eu só me apaixonei uma vez, e foi a pior experiência da minha vida. Ele era um idiota. Todos os garotos que eu conheci desde então eram IDIOTAS. Por isso eu nunca tive um namorado. Não conseguia passar um minuto ouvindo as velhas cantadas que todos falavam. Como é que eles pensavam que iam conquistar alguém com isso? Mas o garoto do bosque, não. Ele não era idiota.
 
  Eu saí de lá bem devagar para eles não me notarem. Tomando cuidado para não pisar em algum galho solto no chão, e fazer barulho. Fiquei sentada num banco perto da sala, de lá dava pra ver quando o casal saísse do bosque. Os alunos ainda seguiam a mesma direção e o reitor não tinha começado a falar. Depois de uns dez minutos eles saíram, ainda rindo. Estavam de mãos dadas, olhando um para o outro como se não houvesse mais ninguém no mundo. Eu fiquei olhando eles até sumirem na multidão que se formava no pátio para esperar o Reitor falar. Então eu levantei e fui ouvir as boas vindas do Reitor.
 
Era um homem baixinho, de barba e bigode, com uma voz irritante. Eu não ia aguentar muito tempo do discurso dele. Falou sobre as novas metas que ele ia alcançar, obras que iria começar, etc, o tipo de coisa que todos os políticos e reitores falam.

  Tentei encontrar na multidão de pé em frente à reitoria, o casal de namorados, mas havia gente demais, e eu com meu metro e sessenta e oito, não conseguia enxergar muita coisa ao meu redor. Depois de uma eternidade o reitor dispensou os alunos pra voltarem as suas salas.

  Minha próxima aula era de Língua português 1, eu esperava que fosse mais interessante e que conseguisse prender minha atenção. Não queria mais ficar pensando no bosque, nem nos dois pombinhos. Eu tinha que me lembrar de que estava ali pra estudar, e era isso que eu ia fazer. O professor Luís Valença, era o que se pode chamar de esnobe. O homem era o egocentrismo em pessoa. Só consegui ouvir ele falar de seus mestrados e doutorados e Phd e especializações... Era uma aula de português e não uma exposição de títulos. Ele começou a aula depois de uma década e terminou ela depois de três décadas. Eu não via a hora de ir pra casa. Depois de um dia horrível, eu só queria me deitar e dormir. A minha sala só tinha patricinhas insuportáveis, que só falavam coisas supérfluas, incluindo a Rayna. Eu tinha descoberto que amor de verdade existe, estava com calos nos pés por ter ficado horas ouvindo o discurso interminável do Reitor em pé. Eu odeio a faculdade e tudo que existe nela. Principalmente o casal romântico e apaixonado do bosque. Peguei meu caderno e sai rápido da sala. Quando cruzei a porta eu esbarrei em um garoto. Quer dizer, um garoto não, O garoto. Era ele, o garoto do bosque.

sábado, 15 de setembro de 2012

Depois de Tudo - Sinopse

Olá. Este Blog tem o objetivo de compartilhar algumas histórias criadas por mim. Espero que vocês que lerem minhas postagens possam comentar e dar dicas. A cada semana postarei um capítulo de uma das minhas criações (risos). Começarei por " Depois de tudo".

O livro conta a história de uma jovem, Roberta, que acaba de entrar na faculdade. Ela vai cursar Jornalismo em uma universidade conceituada. Sempre foi uma aluna exemplar, de família pobre, pretende 'colocar a cara nos livros', se formar com êxito, conseguir um bom emprego e ajudar sua família. Diferente de outras garotas de sua idade, ela não quer viver um amor arrebatador e sem limites. Mas onde ela menos esperava dar de cara com o amor, ela esbarra nele. Literalmente. 

Luís passou para Medicina. Moreno, alto, bonito...bonito não, lindo. Pois é, parece uma história muitas vezes contada, mas só parece. De uma forma bem estranha, Roberta conhece Luís. Depois disso, os dias na universidade nunca mais foram os mesmos...